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MEMÓRIAS DO CAMPO E DA ESCOLA MULTISSERIADA: O SENTIDO DE CORPO PARA ESTUDANTES RURAIS DA DÉCADA DE 1960
Luciana Fiamoncini, Celso Kraemer

Última alteração: 2014-07-09

Resumo


Nos olhos de cada um dos sujeitos entrevistados, o brilho da nostalgia se faz presente ao relembrar a infância: a casa, o trabalho na roça e a escola multisseriada eram os ambientes nos quais estas crianças passavam a maior parte de seu tempo. Na década de 1960, no sistema de ensino do Brasil, este modelo escolar era a única oportunidade para que as crianças do campo estudassem. O objetivo desta apresentação é socializar os resultados parciais da dissertação de mestrado em andamento referente ao sentido de corpo para alunos que estudaram na década de 1960 em uma escola multisseriada no interior do município de Rodeio – SC. A pesquisa apresentada é qualitativa e a geração de dados deu-se a partir de uma entrevista semiestruturada realizada com onze sujeitos que estudaram na Escola Multisseriada Diamante I. A memória de corpo, de disciplina e de espaço escolar é bastante presente na memória destes sujeitos, hoje adultos. No ambiente da roça, o trabalho na agricultura era comum mesmo para as crianças, que, desde cedo, estavam destinadas a trabalhar no plantio e na lida com os animais. A disciplina em casa era rigorosa e obedecer era a palavra de ordem. Na escola, espaço no qual as crianças estudavam, não era diferente: embora multisseriada, era aplicado o modelo de currículo das escolas seriadas, predominantemente urbanas, com a homogeneização da cultura, individualismo e imposição do conhecimento científico. Mesmo não previsto pelo currículo e pelos objetivos disciplinares da escola, nela, pelo fato de ser multisseriada, formava-se um espaço de multipossibilidades: alunos de diferentes séries e idades num mesmo ambiente realizam troca de experiências e saberes que não ocorrem nas escolas divididas por séries. A análise dos dados parte dos princípios da análise genealógica em Foucault. A base teórica para a pesquisa fundamenta-se em Michel Foucault, Carmem Lucia Soares, Maria Bernadete Ramos Flores, Cássia Ferri, Paul Ricoeur e outros autores que seguem a linha foucaultiana de análise de corpo, escola e memória. Os resultados parciais da pesquisa chamam a atenção para o fato de os onze sujeitos relembrarem e descreverem a escola da época como um local de liberdade, ao passo que a escola atual é alvo de severas críticas em suas falas.


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