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Diálogos entre linguagem e educação: uma pesquisa sobre três gerações e seus processos de escolarização
martha regina maas

Última alteração: 2016-10-04

Resumo


A pesquisa ora relatada, desenvolvida na linha Linguagem e Educação, do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Educação da FURB, teve como foco um cenário linguístico marcado pela pluralidade cultural, o Vale do Itajaí, SC. Esse contexto formou-se a partir de povos indígenas e de diversos grupos de imigrantes europeus que chegaram à região no século XIX incentivados por políticas que visavam à ocupação de terras ditas devolutas. Até hoje, essa região se caracteriza pela coexistência da língua portuguesa em contato e conflito com diversas línguas de imigração, entre elas o alemão. A partir desse contexto, o objetivo geral da pesquisa foi compreender as relações entre escolarização e língua de imigração nos enunciados de três gerações. Para isso, realizou-se uma investigação de cunho qualitativo e interpretativista, com os principais aportes teóricos advindos das áreas da Educação, da Linguística Aplicada em diálogo com os Novos Estudos do Letramento e os Estudos Culturais. Os participantes são membros de três gerações pertencentes a duas famílias que residem em uma comunidade rural no município de Blumenau, SC. Os dados foram gerados por meio de entrevistas narrativas e analisados com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise Dialógica do Discurso. Quanto aos resultados, primeiramente, afirma-se que as análises só puderam acontecer a partir do olhar voltado também sobre forças mais amplas, que dizem respeito a tentativas de controle da instituição escolar sobre os alunos, seus corpos e práticas. Nesse sentido, as discussões sinalizam a escola enquanto instituição plural: para as primeiras gerações, ela representa um espaço tanto de repreensão, por meio da proibição da língua de herança falada, quanto de possibilidade de subversão às regras impostas. Já para a terceira geração, com os documentos oficiais atualmente incentivadores da diversidade, a escola é mais um dos espaços que acontecem em língua portuguesa, mas que ainda tenta preservar o uso da língua alemã presente em seu entorno. Assim, a língua de herança, anteriormente proibida na escola por políticas monolíngues, agora se tornou uma disciplina específica do currículo. Por fim, o olhar voltado para o diálogo entre linguagem e educação gerou algumas implicações: constatou-se que o momento atual está sendo de mudanças e de oportunidades para a valorização e fortalecimento das línguas dos grupos minoritarizados e que a escola poderia exercer um papel sensível em relação às práticas e conhecimentos que os alunos já trazem para o espaço educacional. Dessa forma, o bilinguismo social, presente no contexto pesquisado enquanto uma herança cultural e linguística, deixaria de ser uma manifestação a ser substituída pelas práticas em língua dominante. Finaliza-se ressaltando a possibilidade de continuação de estudos que intentem à problematização de perspectivas já naturalizadas, bem como à compreensão acerca das diferentes manifestações culturais que estão presentes no contexto escolar.


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