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Escolarização e Plurilinguismo: Memórias de Falantes do Alemão como Língua de Herança
Daniela Krueger Hopkins

Última alteração: 2016-09-20

Resumo


Esta dissertação desenvolveu-se objetivando compreender as relações entre escolarização e plurilinguismo a partir das memórias de quatro sujeitos de uma determinada geração (de 55 a 65 anos) que têm como língua de herança a língua alemã. A pesquisa foi realizada com sujeitos que estudaram em uma mesma escola no município de Indaial, Estado de Santa Catarina, na década de 1960. A região Sul do Brasil foi cenário de imigração de povos vindos de países da Europa por meio da promessa de trabalho agrícola. Devido à localização, por vezes distante de grupos que falavam a língua portuguesa, os imigrantes, notadamente alemães, organizaram-se em comunidades, preservando seus costumes e sua língua. Em tais contextos, uma das instituições mantidas pelos imigrantes foi a escola, onde as aulas eram conduzidas na língua de imigração. Com as Campanhas de Nacionalização no Brasil, as comunidades de imigrantes tiveram sua língua silenciada. Após o fim das campanhas, os falantes de alemão como língua de herança escolarizados na década de 1960 ainda sofreram com o silenciamento da língua do seu grupo na escola. A partir dessa contextualização, e de pesquisas anteriores, iniciou-se a pesquisa ora relatada, vinculada à linha de pesquisa Linguagem e Educação, do Programa de Pós Graduação/Mestrado em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Os aportes teóricos que fundamentaram a investigação partiram dos pressupostos da Educação e da Linguística Aplicada, com foco na problemática do uso da linguagem no contexto escolar; dos Estudos do Letramento; da concepção dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin e das reflexões condizentes aos Estudos Culturais sobre cultura, identidade e representação. Com referência aos procedimentos metodológicos, utilizou-se a entrevista semiestruturada individual, gravada em áudio digital e transcrita na íntegra. Além da gravação, foram feitas anotações de campo, a fim de registrar aspectos relacionados às reações não captáveis em áudio. De cunho qualitativo-interpretativista, os dados foram gerados por meio das memórias reconstruídas pelos sujeitos e os enunciados foram analisados com a preocupação de compreender os sentidos que as regularidades das falas desvelaram. Os resultados apontaram para uma fusão de enunciados das memórias que sinalizam reflexões para (1) a importância da família na manutenção da língua de herança e como agentes de letramentos na construção identitária por meio da linguagem, (2) a performatividade no processo de escolarização por meio do qual os contextos linguísticos minoritários podem ser ignorados, (3) as representações sobre a língua alemã e sobre seus falantes no que se refere à tensão identitária e linguística. Concluiu-se que a família tem um papel fundamental na formação identitária por meio da língua, sendo que o processo performativo de escolarização pode ignorar cenários linguísticos minoritários, contribuindo para tensão identitária e linguística.

Palavras-chave: Escolarização; Plurilinguismo; Língua Minoritária; Língua Alemã; Memórias.


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